Em 1925, Fernando Pessoa escreveu um roteiro turístico por Lisboa. Trata-se de um passeio imaginário pelas principais atrações turísticas da capital Portuguesa.
O poeta escreveu o livro em inglês, pois sua intenção era divulgar ao mundo a sua cidade natal, Lisboa. O título: Lisbon: What the Tourist Should See, que pode ser encontrado em sua versão em português: Lisboa: O Que o Turista Deve Ver, onde o poeta dá dicas, faz comentários e conta parte da história da cidade e cujo texto ainda está muito atual.
Depois do Chiado descemos para a Praça dos Restauradores e em seguida a Avenida Liberdade, a mais chique do centro de Lisboa, rumo à Praça Marquês de Lisboa, conhecida como Rotunda, pelos alfacinhas (nome dado à quem nasce na capital portuguesa). Na praça está o Banco do Brasil, com a bandeira do nosso país.
Percorrendo a Avenida da República chegamos à Praça de Touros do Campo Pequeno, e como dizia Fernando Pessoa: “que data de 1892 e foi construída em tijolo no estilo árabe”. Hoje, a Praça de Touros se transformou em centro comercial e realiza grandes shows internacionais e também na temporada a tradicional tourada portuguesa, diferente da espanhola, já que a Portugal não mata o touro.
Logo no início do seu livro, Fernando Pessoa detalha “Para o viajante que chega por mar, Lisboa, vista assim de longe, ergue-se como uma bela visão de sonho, sobressaindo contra o azul vivo do céu, que o sol anima. E as cúpulas, os monumentos, o velho castelo elevam-se acima das casas, como arautos distantes deste delicioso lugar, desta abençoada região”.
No seu livro-guia Fernando Pessoa percorre todo o centro de Lisboa e o leitor é levado também a pontos mais distantes como o Castelo de São Jorge, o Mosteiro dos Jerônimos e a Torre de Belém.
Uma das passagens interessantes e que visitei foi o Aqueduto de Águas Livres. Construído em 1732 com a finalidade de abastecer Lisboa- apesar do rio Tejo à frente. No livro Pessoa alerta que o Aqueduto estava fechado devido ao alto índice de suicídios e assaltos. Esta passagem surpreende porque se trata de uma obra para atrair turistas.
Do aqueduto, o poeta vai para a região de Belém onde estão os monumentos da Era das Navegações e a Torre de Belém, de 1521 e que se tornou o símbolo de Portugal e local marco da partida das naus para o Novo Mundo.
Fernando Pessoa também registra o Mosteiro dos Jerônimos, do século XVI. “Uma visita aos Jerônimos tem, necessariamente, de ser demorada para ser uma verdadeira visita”, escreveu o poeta.
Ironicamente aqui estão os restos mortais do próprio Fernando Pessoa, depois de falecer em Lisboa, no dia 30 de novembro de 1935, portanto 10 anos depois de escrever “Lisboa: O que o Turista Deve Ver”.