CURIOSIDADES NO TURISMO: Catamarã Assombrado é atração no Recife
Uma das novidades do turismo de Recife é o Catamarã Assombrado, um passeio noturno pelas águas do Rio Capibaribe visitando lugares históricos famosos por suas lendas sobrenaturais.
O projeto tem como base as histórias que permeiam o imaginário dos recifenses, como a Emparedada da Rua Nova, o Papa Figo, Boca de Ouro, Encanta Moça e a Perna Cabeluda.
O roteiro é elaborado por André Balaio e Roberto Beltrão (editores do site O Recife assombrado) e se realiza, durando todos os sábados deste mês de julho, sempre às 18h, com ingressos a R$ 50 (R$ 30 para crianças entre 10 e 12 anos).
Durante a volta pelo Capibaribe, é possível conferir atores caracterizados como os personagens citados ao longo da noite. Ao todo, são seis artistas da Companhia Pernambucana de Arteatro.
O Encanta Moça relata as desventuras acontecidas, “provavelmente no século XIX”, de uma moça rica e bonita que passeava, à noite, margeando o manguezal onde hoje se localiza o bairro do Pina. De repente, a mulher se vê seguida pelo próprio marido. O homem havia cismado que ela o traía com outro.
“Conhecedora dos horrores do marido”, segue a narração, “a linda moça, tomada por um súbito desespero, se põe a correr”. Durante a fuga, em uma área quase desabitada, ela, de repente e como se fosse mágica, desaparece. Segundo a lenda, foi habitar o mundo do além.
Há quem diga que a jovem foi assassinada pelo esposo. Outros afirmam que, durante a corrida pela vida, ela foi encantada “não pelo marido, mas pelo próprio demônio ou outro espírito ruim”. Em noites de lua cheia, a encantada apareceria nua na região, a fim de amaldiçoar homens que ousam passar por ali, por vingança. A história é relatada por Gilberto Freyre em seu livro Assombrações do Recife velho.
Atores também encarnam os personagens fora da embarcação. Foto: Rafael Martins/Esp DP |
O Papa-figo é o temor de muitos moradores do Recife. Tal medo “esteve relacionado à inclemência de um tipo de monstro desalmado que, segundo dizem, não hesitava em raptar e matar crianças para roubar seus fígados”. “Volta pra casa, menino, o Papa-figo vai te pegar!”, diziam as mães para assustar seus filhos.
O relato mais espalhado pelo burburinho urbano recifense remete ao final do século XIX. O boato dizia que um senhor de uma poderosa família foi acometido por uma horrível doença no sangue, que causava chagas asquerosas. Um negro velho, escravo do senhor, afirmou que o mal tinha cura, bastava comer “figo” de criança nova.
O escravo saía pelas ruas com um saco nas costas capturando meninos, atraídos pelo doce de banana “nego bom”. Para disfarçar e escapar das perguntas sobre o conteúdo do saco, afirmava que eram ossadas de boi ou carneiro.
A Cruz do Patrão se localiza no Porto do Recife, construída no século XVIII. O monumento servia como baliza para os navios no terminal. A coluna de alvenaria, de seis metros de altura, virou lenda entre os recifenses. Acreditava-se que negros pagãos, falecidos durante viagens de navio que vinham da África, eram enterrados ali.
A areia da maré colaborava para que os sepultamentos ocorressem sem rituais religiosos, surgindo a lenda que tornou o local amaldiçoado. Entretanto, nenhum arqueológo foi capaz de encontrar, em pesquisas recente, quaisquer indícios de cemitérios clandestinos.
Tradicionais no imaginário popular local, Cumade Fulôzinha e a Perna Cabeluda são histórias conhecidas pela grande maioria. “Dizem que ela é uma caboclinha ágil, com olho escuros e vivos, de longos cabelos escuros”, diz o locutor, sobre Fulozinha.
A cumade seria uma espécie de protetora das florestas da Zona da Mata do estado. Uma guadiã permanente dos animais e da flora e terror dos caçadores. A lenda diz que ela lhes desorientava ou até mesmo lhes dava surras.
A Perna Cabeluda, já citada pelo escritor e jornalista Raimundo Carrero, se esconde às sombras de muros ou árvores, à espera de uma vítima para ser atacada durante o silêncio da cidade. A criatura, de tão assustadora, faz com que o infeliz tenha tanto medo ao ponto de o coração disparar sem freio e o faz gritar o quanto pode. Fugir é inútil. O monstrengo persegue, derruba no chão e chuta a pessoa até massacrá-la.
Coração de pedra, um morador da Rua Nova resolveu castigar a própria filha emparedando-a viva. O português Jaime Favais seria dono de uma loja na rua. Clotilde, sua menina, engravidara de um vadio de nome Leandro, que também era amante da mulher do comerciante.
Favais descobre tudo e manda matar Leandro, para desespero da mãe, Josefina, que perde a razão. Para terminar de emendar, ele quer que Clotilde se case com seu sobrinho João. Ambos recusam a medida. O velho se enfurece e condena a filha a ser emparedada vida no banheiro do sobrado. Jaime escapa para Portugal e volta para a Rua Nova após três anos, sendo perturbado por aparições, “gemidos lúgubres e abafados”.
Outra história de uma jovem moça morta antes do tempo é a de Ana Luiza. A debutante, em seu aniversário de 15 anos, estava para participar de sua festa no antigo Clube Internacional do Recife, na rua da Aurora. Mas não chegou a dançar a primeira valsa, já que caiu da escada e morreu na queda. Ana Luiza, hoje, assombra o prédio do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães.
Serviço
Catamarã Assombrado
Onde: Catamaran Tours (Cais de Santa Rita, s/n, Recife)
Quando: Todos os sábados de julho, às 18h (02, 09, 16, 23 e 30)
Ingressos: R$ 50 (crianças entre 10 e 12 anos pagam R$ 30)
Como comprar: Nas bilheterias do Catamaran Tours ou pelo site http://www.catamarantours.com.br/
Capacidade: 100 pessoas.
Classificação: 10 anos.