Adeus à Duquesa de Alba
A Espanha está de luto, faleceu no Palácio de Dueñas, em Sevilha, no último dia 20 de novembro, aos 90 anos, a 18.ª Duquesa de Alba de Tormes, a milionária María del Rosário Cayetana Fitz-James Stuart.
Considerada pela revista Vanity Fair como uma das mulheres mais bem vestidas do mundo, seu nome completo era María del Rosário Cayetana Paloma Alfonsa Victoria Eugenia Fernanda Teresa Francisca de Paula Lourdes Antonia Josefa Fausta Rita Castor Dorotea Santa Esperanza Fitz-James Stuart y de Silva Falcó y Gurtubay e representava a Casa de Alba, fundada no século XV, considerada uma das famílias mais ilustres da Espanha. E atenção ela até possui um sobrenome Silva!
Segundo o Livro Guiness dos Recordes, era detentora de 45 títulos nobiliárquicos (“cinco vezes duquesa, marquesa de 23 terras, vinte condessa, viscondessa, condessa-duquesa e condestável, além de ser catorze vezes Grande de Espanha”). Era a mais titulada dos nobres espanhóis e do mundo, tendo sido a terceira mulher a dirigir a nobilíssima casa de Alba nos seus 530 anos de tradição e tinha o direito de entrar a cavalo na Catedral de Sevilha. E, pelo protocolo heráldico, não precisava se ajoelhar diante do Papa.
Ao lado do pai no primeiro casamento com o oficial da marinha Don Pedro Irujo y Artácoz (1947)
D. Cayetana casou-se pela primeira vez em 12 de outubro de 1947, com Don Pedro Luís Martínez de Irujo y Artázcoz (1919-1972), oficial da marinha, considerado o último grande casamento feudal na Espanha e “o mais caro do mundo.
O casamento com o segundo marido, ex-padre jesuíta Dr. Jesús Aguirre y Ortiz de Zárate
O casal teve seis filhos e depois de enviuvar, a duquesa voltou a se casar em 16 de março de 1978 com o Dr. Jesús Aguirre y Ortiz de Zárate (1937-2001), antigo padre Jesuíta e onze anos mais novo do que ela, mas que veio a falecer antes que ela, em 2001. A Duquesa de Alba era fã de plásticas e de se vestir bem por isso foi listada no Hall of Fame da Revista Vanity Fair como uma das mais bem vestidas do mundo! (Best Dressed List)
Duquesa de Alba (85 anos) casa-se com o terceiro e último marido, Afonso Diez Carabantes (Foto: Divulgação)
Para ver o vídeo do casamento em que a Duquesa de Alba joga o buquê 3 vezes e ainda dança La Zarzuela, clique em: http://www.antena3.com/celebrities/famosos-espanoles/duquesa-alba-marca-primer-baile-novia_2011100500135.html
No dia 5 de outubro de 2011, a duquesa foi manchete mundial quando aos 85 anos resolveu se casar pela terceira vez, agora com Afonso Díez Carabantes, 25 anos mais novo e funcionário da Segurança Social. Inicialmente os seis filhos, ficaram temerosos de perder a fortuna de 3 bilhões de libras esterlinas, mas um acordo de cavalheiros serenou os ânimos, quando a duquesa prometeu deixar heranças bem generosas e o noivo desistiu de seus direitos.
Aos 87 anos, a Duquesa de Alba de biquini de oncinha curte a Praia de Ibiza, na Espanha (Foto: Divulgação)
Outro momento que virou manchete foi quando a duquesa aos 87 anos, aproveitou o verão europeu, para curtir uma praia em Ibiza na Espanha, usando um biquíni de oncinha, mesmo amparada por duas mulheres.
Outro momento na praia com o terceiro marido
Entre as deliciosas histórias da Duquesa está a de que é mais nobre do que sua prima a rainha Elisabeth da Inglaterra, pois descendia do rei inglês James II – o último Stuart, através do filho natural Jaime Fitz-James, duque de Berwick, tido com a sua amante Lady Arabella Churchill. Já a rainha é do ramo novo rico da realeza européia, os Saxe Coburgo Gotha.
Duquesa de Alba com os filhos no casamento da filha a Duquesa de Montoro (de branco com coroa) Foto: Divulgação)
Cayetana Fitz- James Stuart de Silva segundo o diário espanhol “El Mundo”, foi hospitalizada em 16 de novembro de 2014 com pneumonia complicada por uma arritmia cardíaca. Era o segundo internamento nos últimos meses. No dia 18 de novembro, ela deixou o hospital “por vontade própria” e foi levada para a sua residência, o palácio de Dueñas, onde passou as últimas horas ao lado do marido e os seus seis filhos.
A Duqueza de Alba adora se vestir de sevilhana com mantilha e pente (peineta), ou bordão e capuz de farricoco, nas solenes procissões de Sevilha. (Foto: Divulgação)
O prefeito de Sevilha declarou luto dizendo que a duquesa sempre reservou um lugar em seu coração para a cidade e por isso abriu o Salão del Colón, na Prefeitura, ao lado da Catedral de Sevilha para a cerimônia fúnebre.
Junto ao caixão, insígnias da nobreza da família e imensas telas da La Macareña, a Virgem Dolorosa e o Cristo de Los Gitanos, seus padroeiros. O corpo foi incinerado e as cinzas depositadas aos pés do Cristo de Los Gitanos, no imponente andor de ouro e prata lavrada, na capela da confraria religiosa mais popular de Sevilha, palco da pungente procissão da Semana Santa mundialmente famosa. A Duquesa sempre incentivou os antigos costumes e fazia questão de seguir a procissão, anonimamente, sem ser vista, encapuçada. A missa de exéquias na Catedral de Sevilha.
Palácio de Liria, uma das residencias da Duquesa de Alba (Foto: Divulgação)
O espólio da Duquesa de Alba é nababesco: vastas propriedades em Madrid, Marbella, Ibiza e Sevilha – onde se sobressai o Palácio de Alba, sua residência principal. Seu império alcança mais de 34 mil hectares de terras. Em Salamanca possui o Palácio de Monterrey. Em Sevilha, o Palácio de las Dueñas, onde vivia e faleceu, além das fincas (fazendas) La Pizana y Las Arroyuelas. No centro da capital espanhola possui o Palácio de Liria com 3.500 metros quadrados de área. Em San Sebástian no País Basco possui o Palácio de Arbaizenea e em Segóvia, o Castelo de Coca. Em Marbella, a finca Las Cañas.
Entre os tesouros da Casa de Alba: o primeiro mapa feito por Colombo das Américas, a coleção de cartas do navegador e o original do testamento do rei Fernando de Aragão, o Católico. E ainda uma biblioteca de livros raros, avaliada em 21 milhões de euros, que compreende entre seus títulos a primeira edição de Dom Quixote, autografada por Miguel de Cervantes em 1605.
Nas paredes das residências, a Duquesa de Alba conservava uma das melhores coleções de arte privadas do mundo, com obras de Rembrandt, Rubens, Velazquez, El Greco, Tiziano, Ribera, Zurbarán, Renoir, Chagall, Madrazo e Zuloaga. O quadro mais raro é a famosa Virgem da Granada, de Fra Angélico, datado de 1430. Outra raridade é o Retrato de uma das primeiras Duquesas de Alba em Branco, de Goya, datado de 1795.
Palácio de Las Dueñas, onde vivia e chegou a falecer a Duquesa de Alba (Foto: wordpress)
A fabulosa Fundación de Arte de los Duques de Alba seguirá sendo administrada pelo novo duque, o filho mais velho da duquesa de Alba, Carlos Juan Fitz-James Stuart y Martínez de Irujo, 18.º Duque de Huéscar.
O herdeiro e filho mais velho, Carlos Juan Fitz-James Stuart y Martínez de Irujo, 18.º Duque de Huéscar (Foto: Divulgação)
A Duquesa de Alba com os filhos ( Foto: Divulgação)
As propriedades feudais continuarão a render gado para corte, cavalos andaluzes, carne para ser defumada e transformada em jamones serranos, óleo de oliva, azeitonas, e outras primícias da terra ainda de domínio feudal.
Descansa em paz, Duquesa de Alba, Cayetana Fitz-James Stuart e Silva!
(Foto: Divulgação)