O que o filme nos ensina sobre ansiedade e Síndrome do Pânico?
Com animação impecável e personagens cativantes, o filme Divertida Mente, da Disney Pixar, conquistou o coração do público por abordar de forma leve e lúdica um tema complexo e muitas vezes negligenciado: a saúde mental. A história de Riley, uma jovem que se muda para uma nova cidade e enfrenta diversos desafios emocionais, nos convida a desvendar os mecanismos do cérebro e a importância da psiquiatria no tratamento da ansiedade e outros transtornos mentais.
Em Divertida Mente 2, uma nova personagem despertou a atenção de muitos: representada por uma criatura amarela e agitada, ela traz à tona um tema crucial na vida de Riley e de tantos outros jovens: a ansiedade. Assim como no filme, o cérebro de um adolescente passa por diversas mudanças durante a puberdade. As áreas responsáveis pelo controle emocional amadurecem, enquanto outras, como a do pensamento abstrato, se desenvolvem ainda mais. Essa combinação pode gerar um turbilhão de emoções, incluindo aumento da ansiedade.
Na animação, a Ansiedade não é retratada como uma vilã, mas sim como um guia que ajuda Riley a lidar com os desafios da adolescência. Da mesma forma, a ansiedade “normal” pode ser um fator positivo, nos motivando a tomar decisões e agir diante de situações perigosas ou desafiadoras. No entanto, quando a ansiedade se torna excessiva e frequente, pode prejudicar o nosso dia a dia. No filme, isso fica claro quando a personagem se deixa levar pelos pensamentos ansiosos e acaba tomando decisões precipitadas.
De acordo com a psiquiatra e professora da Afya Educação Médica Raquel Mendes, a ansiedade patológica pode levar a diversos transtornos, como o de ansiedade generalizada e o do pânico. “Um dos primeiros sinais de transtorno de ansiedade é a preocupação excessiva, antecipatória, por perigos não reais e que levam ao prejuízo do funcionamento da pessoa. O indivíduo não consegue, por exemplo, dormir, não consegue relaxar, não consegue se concentrar e tem uma preocupação muito maior do que as outras pessoas”, detalha a médica.
Segundo Raquel, não há dados precisos sobre os fatores desencadeadores dos transtornos de ansiedade, ou se estão vinculados diretamente a alguma predisposição genética ou eventos traumáticos. “A pessoa não necessariamente tem que ter um gatilho para desenvolver o transtorno de ansiedade. Há a questão genética e os fatores ambientais, que vão desde a criação dela, até o estilo de vida. Alguns fatores e alguns grupos populacionais têm um nível maior de ansiedade”, diz Raquel Mendes.
Assim como Riley aprende a lidar com suas emoções em Divertida Mente 2, é importante procurar ajuda profissional quando ela se torna um problema. Psicólogos e psiquiatras podem auxiliar no desenvolvimento de ferramentas para gerenciar a ansiedade de forma saudável, como técnicas de relaxamento, terapia cognitivo-comportamental e, em alguns casos, medicação.