Inteligência Artificial na Medicina
O médico e professor Guilherme Carneiro Rodrigues, do curso de Inteligência Artificial da Afya Educação Médica, na Paraíba, ministrou a palestra “Riscos e Pontos de Atenção no Uso da IA na Prática Médica” no II Congresso Internacional Médico Estudantil e I Encontro de Ligas Acadêmicas de Medicina. Em sua participação, o médico destacou os principais desafios e orientações para uma utilização ética e eficaz da inteligência artificial na medicina, abordando questões técnicas, éticas e de segurança no atendimento ao paciente.
Guilherme abordou o impacto crescente da IA em diversas profissões e enfatizou que, embora a tecnologia represente uma ferramenta valiosa para a medicina, seu uso precisa ser acompanhado de um olhar crítico. “Se fornecermos informações imprecisas ou tendenciosas, a máquina poderá devolver respostas erradas. A precisão dos algoritmos depende da qualidade das informações que eles recebem. Eles vão se basear na sua resposta e também na de outras pessoas ao redor do mundo”, destacou, citando o conceito “garbage in, garbage out” (ou “lixo entra, lixo sai”).
Outro desafio ético apontado foi o risco de dependência excessiva da IA. Para ele, é essencial que os profissionais médicos usem essa tecnologia como ferramenta de apoio e não como substituto para o julgamento clínico. “Para mitigar esse risco é muito importante utilizar informações diversificadas e atualizadas e que o prompt, ou seja, o comando que damos para a máquina seja muito claro para que ela forneça a informação baseada no que foi solicitado”, explica. Além disso, confiar cegamente na IA pode reduzir a capacidade dos médicos, segundo o professor. “O principal papel do médico é estar ao lado do paciente. É importante que a IA seja uma aliada, mas que a decisão final seja sempre do profissional”, comentou.
Guilherme Carneiro também explorou os benefícios da IA na medicina, incluindo a possibilidade de identificar padrões em exames de imagem e laboratoriais, facilitando o diagnóstico precoce de diversas doenças. “A capacidade da IA de analisar grandes volumes de dados permite identificar alterações discretas que, muitas vezes, passariam despercebidas no dia a dia clínico. Esse tipo de análise preditiva é importante para a medicina moderna, ajudando na prevenção e no diagnóstico precoce”, ressaltou.
Sobre a inclusão da IA nos currículos de medicina, Guilherme destaca a importância de uma abordagem educativa e cita eventos como o promovido pela Afya Educação Médica. “O principal é começar pelo básico, como estamos fazendo aqui, o aluno precisa entender o que está por trás dessa ‘caixa preta’ da IA, como os algoritmos operam e como a IA ‘pensa’ para ser capaz de compreender as novas tecnologias que virão”, afirmou o médico.
Tecnologia e atendimento humanizado —Segundo ele, a IA pode ajudar a reduzir o tempo gasto com tarefas burocráticas e dar mais espaço para o médico focar no paciente. “Hoje, mais da metade do tempo de consulta pode ser consumido com atividades como preencher os papéis. Se a IA puder reduzir esse tempo, permitirá que o médico dedique mais atenção ao paciente. A IA não deve ser vista como uma ameaça, mas sim como uma ferramenta que possibilita um atendimento mais próximo e humanizado”, destacou. Na Afya, segundo ele, o curso imersivo, tanto online quanto presencial, conta com todos os princípios básicos, riscos, benefícios, exemplos do uso na assistência médica, diagnóstico clínico, no tratamento, ensino e fora da prática médica. “Aos alunos, esse conhecimento será essencial para entender e adaptar-se às inovações que estão por vir. A capacitação contínua é o que permitirá fazer uso da IA de forma ética e profissional, respeitando sempre a relação humana entre médico e paciente”, acrescentou.