Gestão eficiente na saúde pública
Quando trabalhou na linha de frente do SUS (Sistema Único de Saúde), Érico Vasconcelos, cirurgião-dentista sanitarista de 48 anos, vivenciou de perto todas as questões que envolviam a saúde pública brasileira. De aluno da primeira turma da Escola de Formação em Saúde da Família em 2001 a integrante do Ministério da Saúde de 2013 a 2016, o dentista entendeu que poderia contribuir – e muito – para mudar o cenário que conheceu. “Vi e vivi as potências e fragilidades do serviço público de saúde do país. Concluí que era capaz de poder fazer mais para a melhoria da gestão pública do setor”, afirma.
Segundo o Banco Mundial, a ineficiência no SUS causa desperdícios que chegam a quase R$ 22 bilhões por ano. Já a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) analisou em 2017 os gastos em saúde de diversos países e mostrou que a má gestão administrativa e a má gestão da clínica são responsáveis por 100% do dinheiro desperdiçado.
Em 24 anos de experiência profissional trabalhando em hospitais de referência tanto públicos como privados, com gestão da saúde e também como professor em universidades, Érico identificou e mapeou os gaps e gargalos que travavam o fluxo dos atendimentos em hospitais e postos de saúde. E passou a buscar respostas para questões como: como está a governança das organizações? Qual é a estrutura institucional disponível e quanto custa? Como gerenciam seus processos e os custos da operação? Como está a gestão estratégica das pessoas? Há indicadores para medir as relações entre as pessoas no ambiente de trabalho? Os trabalhadores e usuários estão satisfeitos? Como estão sendo medidos os resultados das ações realizadas com os usuários dos serviços? Quais valores são percebidos pelas pessoas e quais são os que a organização entrega?
Assim, estudou alternativas e criou, em 2013, a UniverSaúde, startup de empreendedorismo social que, com uma metodologia própria, ajuda os governos a evitarem desperdícios e a melhorarem a qualidade dos gastos no setor, tornando a gestão mais eficiente. “O método de ação que desenvolvi tem como foco o aperfeiçoamento dos atendimentos que incluem pacientes e servidores, otimizando a utilização da verba pública. Evita desperdícios e aumenta a eficiência da gestão da saúde”, diz.
A UniverSaúde tem um time com 12 profissionais de saúde e gestores de 10 categorias profissionais distintas. Já atendeu mais de 50 municípios e organizações, preparando-os para evitarem desperdícios e a melhorarem resultados e certificando-os com um selo de eficiência na gestão da saúde. Os resultados expressivos evidenciam a eficiência do trabalho uma vez que reduzem em 30% as perdas na operação, em 5 pontos percentuais os gastos do orçamento municipal com saúde e aumentando em 20% a satisfação dos usuários. Um caso prático é o que foi feito na gestão municipal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. De março a junho de 2023, após a implementação do processo, o município teve um aumento de 40% na eficiência gestora da saúde.
“A UniverSaúde nos orienta e consegue identificar os pontos fracos para que seja possível construir um SUS melhor”, diz Morgana Dantas, Secretária Municipal de Saúde de Mossoró-RN. Neste projeto foi possível ainda melhorar o Índice Sintético Final (ISF) do município no Programa Previne Brasil conquistando mais recursos financeiros para a atenção primária à saúde.
Érico acredita que a efetividade administrativa nasce do fortalecimento da governança e da reunião de evidências para subsidiar a tomada de decisão gestora por meio de agendas pautadas pelo “cuidado com quem cuida” . O nosso objetivo é conquistar mais impacto social na saúde com secretarias mais sustentáveis e entregando valor às pessoas”, conclui. Para 2024, a UniverSaúde projeta reduzir cerca de R$9 bilhões das perdas nas secretarias de saúde do Brasil.