De vendedora de chips para capa da Vogue
“Chip, chip. Olha o chip! É R$ 10”. Até o ano passado Emilly Nunes repetia essa frase das 8h às 19h nas ruas de Belém. Ela vestia um uniforme azul e amarelo, nas mesmas cores da operadora de telefonia, mas sonhava mesmo era com o guarda-roupa das modelos nas capas de revista e catálogos de moda. “Admirava Gisele, Laís Ribeiro…”, lembra a jovem de 21 anos.
Como vendedora de chips, recebia um salário mínimo, uma comissão e uma espécie de previsão dos passantes. “Você parece até uma modelo”, diziam. E ela ria. No final do ano passado, Emilly realizou o sonho. Um olheiro a encontrou no Instagram, enviou mensagens, foi conhecê-la pessoalmente e a convidou para trabalhar como modelo. Ela ainda vendia chips. Mas em fevereiro, ela já se preparava para mudar para São Paulo. Em junho, poucos meses após deixar a vida em Belém, estrelou a capa da revista “Vogue”. Em setembro, repetiu o feito.
“O projeto agora é levar o nome do meu povo o mais longe possível. Não só no Brasil, como no mundo”, diz a modelo de descendência indígena.