Como melhorar a libido

A queda da libido feminina é uma queixa comum nos consultórios ginecológicos, mas suas causas vão muito além da esfera física. Alterações hormonais, uso de anticoncepcionais, saúde emocional e até a qualidade dos relacionamentos amorosos podem impactar diretamente o desejo sexual da mulher.
Segundo a ginecologista Marcella Marinho, especialista em Sexualidade Humana e Nutrologia, é preciso olhar para a sexualidade feminina de forma mais ampla e integrada. “Muitas pacientes relatam diminuição do desejo sem perceber que ele é um reflexo do equilíbrio entre corpo, mente e vida social. É um tema sensível e multifatorial que merece atenção individualizada”, afirma.
Segundo Marcella, entre os principais fatores que influenciam a libido está a queda de hormônios como o estrogênio e a testosterona, especialmente a partir dos 35 anos. “Esses hormônios são fundamentais para manter o desejo ativo. No pós-parto, na perimenopausa, na menopausa ou até mesmo em períodos de estresse intenso, é comum observar uma redução na libido e na energia vital”, explica Marcella.
O uso prolongado de anticoncepcionais hormonais, principalmente as pílulas combinadas, também pode interferir. A especialista alerta que alguns métodos elevam a proteína SHBG, reduzindo os níveis de testosterona livre – hormônio importante para o apetite sexual. “Nem toda mulher sente esses efeitos, mas é importante observar e conversar com o médico caso haja mudanças perceptíveis”, acrescenta.
Saúde mental e relacionamentos: os vilões silenciosos – O desejo sexual começa no cérebro. Por isso, questões como estresse, ansiedade, depressão e baixa autoestima estão entre as maiores barreiras à libido. Estudos da American Psychological Association mostram que mulheres com transtornos de humor têm até 50% mais chance de sofrer com disfunções sexuais.
Além disso, a qualidade do relacionamento também pesa. “Conflitos, falta de diálogo e rotina exaustiva podem desconectar o casal. O desejo precisa de espaço para crescer – e isso passa por afeto, segurança emocional e conexão”, destaca a ginecologista.
Libido e idade: novas descobertas com o passar dos anos – A idade nem sempre representa queda na libido. Para muitas mulheres, a menopausa pode ser libertadora. “Sem a preocupação com a fertilidade e com mais autoconhecimento, há quem viva uma fase de redescoberta do prazer”, comenta Marcella.
A boa notícia é que existem caminhos para reverter o problema. Adotar hábitos saudáveis, como exercícios físicos, alimentação equilibrada, sono regulado e terapia, pode fazer grande diferença. Em casos específicos, a reposição hormonal ou o uso de fitoterápicos também pode ser indicado — sempre com orientação médica.
Para Marcella Marinho, o principal é enxergar o desejo feminino como parte da saúde global da mulher. “A libido é um sinal de vitalidade. Não se trata de algo que se ativa com um único botão, mas sim de um conjunto de engrenagens conectadas ao corpo, à mente e à rotina. Toda mulher merece sentir-se viva, desejada e protagonista da sua história”, orienta.