O Medo irracional de não ter o celular por perto

A geração atual é marcada pela conexão digital. Com o avanço da tecnologia e a existência de smartphones cada vez mais desenvolvidos, ter o celular por perto se tornou uma necessidade básica ao ser humano. Seja para a manutenção da vida social, ou até mesmo para o trabalho, estar conectado é essencial para uma boa comunicação.
O uso intenso dos celulares, porém, pode se tornar um vilão na vida pessoal e corporativa. A nomofobia, condição que se caracteriza como o medo irracional de não ter o celular por perto, tem se tornado uma grande preocupação no ambiente de trabalho, o que resulta em diversas consequências negativas, como o comprometimento de foco e eficiência.
Márcia Peixoto, psicóloga especialista em RH e diretora da Roots Talent, explica que o perfil de uma pessoa nomofóbica envolve características de introversão, apatia, e dificuldade de manter uma comunicação satisfatória com pessoas reais. Pessoas que sofrem de nomofobia tendem a usar o celular de maneira compulsiva, como uma forma de escapar do ambiente real.
Para Márcia, o crescimento exponencial de pessoas dependentes do aparelho celular se dá pelo avanço de suas funcionalidades. Hoje é possível encontrar tudo dentro do aparelho, desde documentos importantes até aplicativos de entretenimento, ou um simples despertador. “Pela facilidade de ter tudo no celular, as pessoas ficam perdidas quando não tem acesso a ele, pois lá encontram tudo o que é necessário para o seu dia”, afirma.
O medo de ficar longe do celular traz diversas consequências psicológicas. Segundo a especialista, pessoas nomofóbicas tendem a desenvolver sintomas de ansiedade, causadas pela sensação de ausência de informações, e podem chegar a um quadro de depressão, resultado da introversão excessiva.
No ambiente de trabalho, os problemas causados pela necessidade de estar sempre checando o celular são visíveis, e Márcia destaca alguns deles: “Baixa produtividade, falta de atenção nas atividades, falta de entregas nos prazos são características comuns. Também tenho percebido falta de criatividade, diminuição na capacidade de fazer análises críticas, além da pobreza de vocabulário e escrita.”, diz.
Apesar do cenário assustador, a especialista compartilha algumas dicas do que pode ser feito no ambiente corporativo para evitar que colaboradores desenvolvam quadro de nomofobia:
– Limitar o uso de celular e tela durante momentos de reunião ou outros momentos pontuais durante o expediente;
– Incentivar momentos de socialização e interação com grupo de pessoas, para evitar introversão e cenários de isolamento;
– Desenvolver atividades de lazer que levem as pessoas a se desligarem das telas, como jogos e brincadeiras em grupo, por exemplo.
Relativamente recente, a nomofobia pode causar problemas devastadores na vida de milhares de trabalhadores das áreas mais diversas. Em um mundo tecnológico e cada vez mais individualista, a solução para o problema se aproxima do básico: conexão com pessoas reais por meio da interação social, visando a saúde mental e o bem-estar dos colaboradores.