Tratamento inovador chegará à Bahia
Urologistas baianos da rede privada de Salvador estão se preparando para implementação do Programa do Bipolep – enucleação bipolar da próstata, inovador tratamento da Hiperplasia Prostática Benigna (HPB), que está confirmado para a próxima segunda-feira, dia 7. A partir dessa data, os médicos do grupo URO+ Urologia Avançada serão treinados no Hospital São Rafael (HSR/Rede D’or) através dos conhecimentos compartilhados pelo urologista de São Paulo Daniel Moser, referência nacional no tratamento de HPB. O objetivo do grupo é tratar os primeiros casos da doença pelo Bipolep já durante o treinamento. A técnica é considerada pelos guidelines internacionais como o tratamento padrão ouro para HPB. Os organizadores do treinamento são os urologistas Augusto Modesto e Ricardo Souza, integrantes do Robótica Bahia – Assistência Multidisciplinar em Cirurgia.
A enucleação da próstata é um procedimento realizado sem cortes, que tem por objetivo remover a parte central da próstata aumentada, liberando mais espaço para a passagem da urina. Tradicionalmente, este procedimento era uma cirurgia aberta indicada para próstatas grandes demais para cirurgia transuretral (através da uretra). Os pacientes sentiam mais dor, tinham maior risco de sangramento e demoravam para se recuperar, contudo, atualmente, a mesma cirurgia é realizada através da uretra com o auxílio do laser (Holep) ou da energia bipolar do plasma (Bipolep), com vantagens diversas.
Segundo o urologista Ricardo Souza, a expectativa do grupo é grande porque o tratamento, que reúne eficácia, segurança e resultados positivos de longo prazo, reduz o tempo de hospitalização e de uso de sonda vesical pelo paciente. “O risco de complicações relacionadas ao sangramento e a necessidade de reintervenção cirúrgica são menores, assim como o risco de incontinência urinária e disfunção erétil”, descreveu o mestre em urologia que atua em hospitais da Rede D’or em Salvador.
De acordo com o urologista Augusto Modesto, os homens tratados com o Bipolep têm significativa melhora dos sintomas e rápida melhoria do fluxo urinário. “Já que o tratamento reproduz os resultados da cirurgia aberta em termos de desobstrução, com a vantagem de ser um procedimento minimamente invasivo, temos todo o interesse em utilizá-lo em nossos pacientes”, completou o mestre em Oncologia que também trabalha nos Hospitais São Rafael e Aliança.
Sobre a doença – A Hiperplasia Prostática Benigna (HPB) ou aumento benigno da próstata, tumor não-canceroso mais comum nos homens, afeta especialmente aqueles com mais de 50 anos. Ao contrário do que algumas pessoas acreditam, a HPB não aumenta a predisposição ao câncer de próstata, embora nada impeça que o homem tenha hiperplasia e câncer de próstata ao mesmo tempo. Segundo Ricardo Souza, um dos principais sintomas de HPB que a maioria dos homens relata é a alteração do fluxo urinário. “Quando a próstata começa a aumentar, ela comprime a uretra, tornando-a mais estreita e fina, o que acaba reduzindo o jato urinário”, explicou o urologista preceptor da residência do Hospital São Rafael (Rede D’or) e do Hospital Santo Antônio (Obras Sociais Irmã Dulce).
Outros sintomas da HPB são atraso miccional inicial; aumento do tempo miccional; urinar por diversas vezes ou não urinar tudo de uma vez, com interrupção do jato; ardor miccional, retenção urinária, incontinência durante o sono; necessidade súbita de urinar, com incapacidade de reter a urina; dor/sensação de peso abaixo do umbigo e sensação de não esvaziar completamente a bexiga, entre outros. O diagnóstico é feito através da história clínica, exame de toque retal, PSA e exames complementares, como exames de urina; ecografias, urofluxometria, endoscopia da uretra e da bexiga ou até um estudo urodinâmico completo, como forma de obter maior precisão na caracterização da doença.
Tratamentos – Existem diversas formas de tratar o aumento benigno da próstata. Alguns homens não necessitam de qualquer terapêutica. É o caso dos pacientes sem sintomas ou com queixas ligeiras, sem repercussão significativa no seu bem estar. Grande parte dos doentes, por outro lado, necessita de tratamento com medicamentos. É o caso daqueles com sintomas moderados, mas que impactam em sua qualidade de vida. “Quando os sintomas são mais graves ou os medicamentos não surtem o efeito desejado, consideramos as opções cirúrgicas, que podem ser mais ou menos invasivas. Cerca de 30% dos pacientes com HPB precisam ser operados”, destacou o urologista Ricardo Souza.
Uma das opções cirúrgicas é a ressecção transuretral (RTU) da próstata, cirurgia endoscópica que remove a parte da próstata que causa os sintomas através de instrumento cirúrgico introduzido pelo canal da uretra. “Após a operação, é colocado um cateter na bexiga para drenar a urina, durante um ou dois dias”, pontua Ricardo Souza. Outra opção de tratamento, indicada para doentes com próstata de grandes dimensões é a prostatectomia parcial (remoção de parte da próstata). Este tipo de cirurgia pode ser realizada nas modalidades aberta (convencional), laparoscópica ou robótica, sendo que as duas últimas, por serem minimamente invasivas, agregam benefícios como menor perda de sangue durante a intervenção, tempo de recuperação mais rápido e menor tempo de internação hospitalar.