As palavras de ordem do anestesiologista Gualter Lisboa Ramalho à frente da gestão Unimed João Pessoa são “inovação” e “humanização”. Há quatro meses no cargo de presidente do Conselho de Administração (Conad), ele destaca que uma das bandeiras da Cooperativa é acolher em vez de combater e que tudo vem sendo feito com muito planejamento. “Estamos investindo em profissionalização, modernização, inclusão digital e atenção primária. Vamos incluir tudo isso ao longo da gestão”, informa.
O trabalho teve início em meio à pandemia do novo coronavírus, mas Gualter Ramalho destaca que estar preparado foi a chave para os bons resultados já alcançados. “Mostramos, com tão pouco tempo, que é possível prestar serviço de excelência, agregar valor, melhorar a entrega e todos nós saímos dessa situação, como de outras quaisquer, de forma mais intensa, forte, solidária, mais humana. E é esse o conceito do grupo”, declara.
Na entrevista que segue, Gualter Ramalho conta como foi feita e estratégia para lidar com a covid-19 e manter o atendimento de excelência nos demais setores do Hospital Alberto Urquiza Wanderley sem deixar de lado o acolhimento humanizado.
Foi possível pensar em algo além do coronavírus nesses primeiros meses da gestão?
Com certeza, porque começamos o planejamento antes. Durante o processo eleitoral, já tínhamos planejamento para 90 dias. Os primeiros dias não foram fáceis. Mas, aos poucos, conseguimos dividir nossa atenção entre a pandemia e a gestão e pudemos contar com consultorias importantes, além de agregarmos um time de craques. Receber mais de 82% dos votos nos motivou ainda mais a enfrentar os desafios que vinham pela frente. E começamos a trabalhar logo após a publicação do resultado das urnas. Era hora de entender o que já tinha sido feito, o que faltava fazer e o tempo era curto.
O que queremos dizer para o mercado é que chegamos. Chegamos para fazer. Temos hoje executivos na área financeira, na estratégia, no “compliance”, no controle de indicadores, nas compras. A Unimed João Pessoa está se posicionando no mercado, cada vez mais, como balizadora, líder e esse time vem para formar um momento diferente e deixar legado.
Quais as prioridades da gestão?
Nossas prioridades são baseadas nos cinco objetivos da campanha: modernização da gestão, inclusão digital, Atenção Primária à Saúde, Ecossistema Unimed e Remuneração Médica. Em 120 dias, já conseguimos fazer muito com base nessa lista de prioridades, mas sabemos que ainda temos muito a fazer. Contratamos profissionais com perfil técnico e ajustamos o “tamanho da máquina”, o que ajudou a agilizar a implementação das medidas. Queremos devolver ao médico o orgulho de ser cooperado da Unimed João Pessoa e entregar aos nossos clientes a melhor experiência possível. Hoje, já somos um porto seguro para quem mais e precisa e uma referência em todo o Brasil. Mas, estamos apenas começando. E com o apoio dos médicos cooperados, vamos ainda mais longe.
Como foi enfrentar a gestão de uma instituição de saúde durante uma pandemia?
Um amigo me disse que pandemia separa o homem do menino. Outros dizem que tempos difíceis atraem homens fortes e homens fortes promovem tempos fáceis. São ciclos da vida. Cheguei com muita tranquilidade, entendi que vim para um chamado. Encarei a missão dessa forma, com planejamento. E os resultados estão à vista, superiores aos de grandes centros como São Paulo, e com conhecimento para compartilhar com o Brasil inteiro.
O primeiro passo foi criar o Núcleo Estratégico de Enfrentamento à Covid-19, que tem feito um trabalho brilhante. Esse time elaborou e colocou em prática as medidas que deram certo, com a criação do duplo fluxo no Hospital Alberto Urquiza Wanderley, garantindo que clientes com covid-19 e outros com patologias diferentes fossem atendidos com total segurança. Outra medida importante foi transformar o Hospital Moacir Dantas em referência para pediatria. Com essa mudança, valorizamos o médico cooperado e o nosso cliente ao mesmo tempo. Buscar parcerias com órgãos como a prefeitura de João Pessoa, o governo do Estado, o Ministério Público e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) também foi fundamental para enfrentar esse momento. Consolidamos as relações institucionais com transferência de tecnologia.
Quais as inovações que o senhor poderia apontar no tratamento da covid-19?
Reunimos um grupo de aproximadamente 30 PHDs para pensar como iríamos tocar o projeto, que foi sendo refinado, e tivemos o cuidado de firmar parcerias. Esses PHDs universitários respiram ciência e trouxemos para a prática o conhecimento deles: fomos o primeiro hospital do Norte e Nordeste a utilizar o plasma convalescente no tratamento da covid-19, o primeiro e único com cateter nasal de alto fluxo, tomografia de bioimpedância elétrica, implantamos a teleconsulta e passamos a usar robô no atendimento no Hospital Alberto Urquiza Wanderley… Conseguimos implantar uma série de inovações em menos de três meses. O talento a gente faz em casa e tenho o mérito de reunir pessoas com a credibilidade de professor, vida laborativa e intensa participação na saúde. Esse legado atraiu pessoas boas e qualificadas, que estavam escondidas e algemadas. Tiramos as algemas e deixamos todo mundo sonhando. Só quero reforçar o agradecimento às instituições que têm sido grandes parceiras da Unimed João Pessoa, a exemplo das já citadas anteriormente.
Como a gestão ajudou os cooperados, que precisaram fechar seus consultórios nesse período?
Entendemos que, mais do que nunca, a força da nossa Cooperativa teria que se fazer presente para que unidos pudéssemos vencer a pandemia e os desafios do presente e do futuro. Criamos o Plano de Auxílio Financeiro (PAF) para minimizar as perdas dos cooperados e dos prestadores de serviços médicos com a pandemia. O plano consistiu no adiantamento de um percentual da produção médica, com base na média registrada em 2019. Todos os cooperados e prestadores médicos sem nenhuma pendência junto à Cooperativa puderam aderir, voluntariamente, ao PAF. Esses valores adiantados só precisarão ser restituídos a partir de abril do próximo ano.
Houve perda de clientes por causa da pandemia?
Houve perda, mas vendemos mais do que perdemos. Implantamos um canal de vendas on line e realizamos ações de marketing que proporcionaram resultados excelentes, principalmente quando consideramos o cenário. Em junho, por exemplo, aumentamos em 50% o número de vendas em relação ao mesmo mês do ano anterior. Mesmo na pandemia, e com a perda progressiva relacionada às demissões nos planos coletivos de pequenas e médias empresas, com a situação muito crítica do ponto de vista financeiro, conseguimos ajustar e apresentar dados superavitários.