Homenagens no Fest Aruanda
O final de semana passada no 14º Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro foi dedicado não somente à exibição de longas e curtas-metragens, mas a homenagens a dois cineastas fundamentais para a cinematografia brasileira: João Batista de Andrade, também diretor e produtor de cinema e televisão, e Fábio Barreto (in memoriam), que era ainda ator, produtor e roteirista. Com chancela da UFPB e patrocínio do Grupo Energisa (Usina Cultural), Cagepa e Armazém Paraíba, via Lei Federal de Incentivos do Ministério da Cidadania, o Fest Aruanda vai até esta quarta-feira (04), com entrada franca em todos os dias.
A homenagem a João Batista de Andrade, pela contribuição ao cinema nacional e pela passagem dos seus 80 anos de idade, aconteceu na noite desse domingo, no Cinépolis Manaíra Shopping. Presente no evento, ele ouviu histórias de amigos, como Vladmir Carvalho e Fernando Morais, que foram ao palco e rememoram épocas passadas, como as dificuldades para fazer arte no Brasil durante a ditadura – e, nesse momento, lembraram o jornalista, professor e dramaturgo Vladmir Herzog. “Não há como fazer cinema sem fazer política. No nosso país, fazer cinema é lutar para fazer cinema, pra fazer com que ele aconteça”, disse João Batista.
Mineiro de Ituiutaba, João Batista de Andrade se mudou para São Paulo ainda jovem. Na década de 1960, enquanto os militares tomavam o poder no país, ele se envolvia com o movimento cinematográfico que emergia na capital paulista. Como diretor, suas primeiras produções tiveram como tema justamente os conflitos pela liberdade individual, tão gritantes à época. A militância na juventude e a postura crítica do cineasta podem ser vistas em seus filmes, como “O homem que virou suco” (1981) e “O país dos tenentes” (1987).
Prêmio póstumo – O prêmio dado a Fábio Barreto foi recebido pelo cineasta Marcelo Santiago, realizador do longa “Barretão”, exibido no sábado passado. Na ocasião, ele agradeceu em nome da família Barreto, que vive um momento difícil – Fábio faleceu no último dia 20 de novembro, em decorrência de um acidente de trânsito que o deixou em coma nos últimos dez anos. “É um prêmio muito merecido. Fábio era não só um excelente cineasta, mas uma pessoa maravilhosa”, disse Santiago. Luiz Carlos e Lucy Barreto, pais de Fábio, não puderam estar presentes na programação do festival, devido ao luto.
Irmão do também cineasta Bruno Barreto, Fábio atuou no primeiro curta-metragem dele, “Três Amigos que Não se Separam”, quando tinha 9 anos; no filme, também atuaram sua irmã, Paula Barreto, e a cadela Baleia, coadjuvante no filme Vidas Secas (1963). Foi assistente de direção de Carlos Diegues em “Bye Bye Brasil” (1979), dirigiu o curta-metragem “A Estória de José e Maria” (1977) e estreou como diretor de longa-metragem no Festival de Cannes de 1982, com “Índia, a Filha do Sol” (1982). Seu filme “O Quatrilho” (1995) foi indicado para o Oscar de melhor filme estrangeiro de 1995.