Capa da Glamour Brasil, Luísa Sonza fala sobre saúde mental, depressão e trabalho
Intensidade. Essa seria a palavra se, por algum motivo, tivesse que definir Luísa Sonza em uma única palavra. In-ten-si-da-de. Cinco sílabas. Substantivo feminino. Aquilo que caracteriza o que é intenso, que tem grande proporção. A escolha não seria à toa. Ela é abundante na forma de viver, defende com unhas e dentes o que pensa, exibe o corpo com audácia e se entrega ao trabalho sem medo de errar. “É melhor fazer e passar vergonha do que não tentar e não ter nada”, diz, com a segurança de ser uma mulher madura aos 21 anos.
Filha de agricultores, Luísa nasceu em Tuparendi, interior do Rio Grande do Sul. Aos 7, após ser descoberta por um produtor da cidade, virou vocalista de uma banda local. Foram dez anos cantando em feiras, casamentos, missas e festas até apostar as fichas, em 2016, em um canal de voz e violão no YouTube. Bah, guria, deu certo! Luísa estourou na web e virou a “rainha dos covers”. “Claro que muita gente riu de mim. De fato, meus vídeos de ‘Despacito’ e ‘Paradinha’ não eram o melhor conteúdo da internet, mas foram os views deles que me deram reconhecimento.”
O resto da história muita gente conhece: ela foi de vencedora da categoria Melhor Cover da Web, no Prêmio Multishow em 2017, para Cantora Revelação, no Prêmio Geração Glamour 2019. Também fez Carnaval em Salvador (BA) com Ivete Sangalo, ganhou elogio ao vivo do Faustão, cantou as trilhas sonoras da novela O Sétimo Guardião, da Rede Globo, e do filme WiFi Ralph: Quebrando a Internet, da Disney, se casou com o humorista Whindersson Nunes, em fevereiro de 2018… Agora, se prepara para rodar o Brasil com a turnê de Pandora, seu álbum de estreia no mainstream. E que estreia! Logo no primeiro dia, 14 de junho, todas as oito canções entraram no top 150 global do Spotify. “Meu amor pelo trabalho é enorme. A única coisa que amo mais do que ele é a mim mesma.”
Apesar do jeito workaholic e da presença assídua nas redes sociais (são 14 milhões de seguidores no Instagram e 755 mil no Twitter), Luísa largou o celular e não olhou uma vez sequer para a tela (ok, só para diminuir o volume da playlist de funk que tocava no momento) durante a conversa que você lê aqui. Como boa representante da Geração Z, a dos nascidos entre 1995 e 2010, sabe da importância de desconectar. “Jornalistas sempre me questionam como eu sobreviveria sem a internet. Respondo que seria uma bênção. Acho que, só assim, conseguiria dar uma pausa no trabalho.”
Confira abaixo a entrevista exclusiva de Luisa para a Glamour de Setembro:
Você é superjovem e acumula tantas responsabilidades. Fica insegura? Olha, até que sou bem segura. Às vezes, bate uma preguiça, uma vontade de dormir e não acordar na hora… Mas é só isso! Na maior parte do tempo, me sinto muito privilegiada e grata pela possibilidade de viver tudo isso.
Comentários negativos te afetam? Já afetaram mais. O que é natural, né? Sabe quando você se incomoda com a vizinha fofoqueira que está falando mal de você? Então, imagina milhões de vizinhas fofoqueiras. Aí ou você surta, ou aprende a lidar.
E como fez isso? Não lidando! Entendi que o problema não era meu. Era da pessoa. Ela que estava achando aquilo, não eu. Então, por que se incomodar?
Você é superativa nas redes. Acha que é preciso ter uma causa para defender por lá? Isso é relativo, mas sempre fui a pessoa que se posiciona. Minha principal causa é a da consciência feminina. O público LGBTQI também super se identifica comigo. Sou até chamada de drag queen. Amo!
Mas sua vida com o Whindersson você mostra pouco por lá, né? É… A vida dentro de casa só cabe a nós. Quero que as pessoas pensem nele como artista, em mim como outra artista, e esqueçam o casal. Afinal, não temos o mesmo público e fazemos coisas diferentes. Se posso entregar algo bem pessoal, é que a rotina inclui muito trabalho e que meu hobby é dormir.
Imaginava que se casaria tão cedo? Não queria me casar, na verdade. Mas, quando rolou, entendi que não precisava existir o tabu do casamento tradicional, sabe? Da mulher submissa. Hoje, tenho um relacionamento lindo com o Whindersson. Foi encontro de almas mesmo. Minha vida só cresceu com ele.
E como foram os últimos meses para você? [Em abril, Whindersson revelou que se afastaria da mídia para se tratar de uma depressão] O que vocês viram no Twitter quando ele abriu isso, ou a partir de então, eu já vivia há um ano. A atitude dele não foi novidade, mas trouxe alívio. Quando uma pessoa que tem depressão reconhece que está doente, a recuperação é muito mais rápida. Tentei várias vezes levá-lo à terapia. Pegava na mão. Ele até ia, mas não voltava, justamente porque não entendia e não reconhecia o que estava sentindo. Hoje ele está bem.
Isso fez com que você desse mais atenção à sua saúde mental? Sempre dei muita atenção a ela. Faço terapia há dois anos e não pretendo parar!
O que te faz feliz e o que te deixa triste? Sou feliz no meu trabalho. Se não tem trabalho no dia, surto! Falo que a vida acabou, brinco que nada faz sentido [risos]. O que me deixa triste, e com o que ainda não aprendi a lidar, são as manchetes tendenciosas de parte da imprensa. Glamour, seja boazinha comigo, please!
Carreira internacional está nos planos? Sim, mas deixo tudo acontecer naturalmente. Tenho muita coisa para fazer aqui no Brasil ainda.
Sente saudades de algo? Não. Sou Câncer com Áries e minha Lua é em Touro. Ter terra, fogo e água no mapa me deixa equilibrada. Sinto que o que passou, passou! É claro que acumulo lembranças, mas respeito os ciclos da vida. Agora, a parte dramática do Câncer eu tenho. Tomar uma injeção é o fim do mundo para mim.
O que é ser livre para você? Ser eu mesma.
Edição de moda: Fabiana Leite. Beleza: Renata Brazil com produtos Chanel e Bumble & Bumble. Direção de arte: Bruna Bismara. Produção de moda: Leo Napolitano. Assistentes de foto: Pedro Pradella e Diego Dias. Assistentes de beleza: Branca Moura e Tainá Talzi. Tratamento de imagem: Bruno Rezende
fotos: Fernando Tomaz