Ludmilla, capa da Glamour: “Sou negra, funkeira e bissexual. Olha quantos gigantes preciso vencer”
Ver a cantora Ludmilla se movimentar de um lado para o outro sem tirar os fones do ouvido, seja nos Stories ou pessoalmente, faz pensar que a frase “a arte existe porque a vida não basta”, do poeta Ferreira Gullar, poderia ter sido inspirada nela. “Vim de Duque de Caxias, sou negra, funkeira e bissexual. Olha quantos gigantes eu preciso vencer com uma única arma, que é a minha voz”, conta ela exclusivamente á Glamour deste mês.
De fato, a música transborda a existência da cantora, que, aos 24 anos, em agosto, bateu recorde de público fora do País, em Cabo Verde, na África, com 60 mil pessoas na plateia para o show da turnê de Hello Mundo, seu primeiro DVD. Ela mesma compara a sua história com a de Davi, que na Bíblia enfrenta o gigante Golias só com uma pedra e é escolhido por Deus para ser o rei de Israel. Ludmilla é cristã e tem na fé outra arma para vencer. “Meus amigos brincam que virei a louca da Bíblia, mas entendi que, quanto mais a estudo, mais me fortaleço para enfrentar os obstáculos da vida”, explica. E isso inclui tornar público o namoro de dez meses com a bailarina Brunna Gonçalves.
“Tinha 16 anos quando comecei a ver como natural a possibilidade de ficar com mulheres. Contei para a minha mãe na época, mas resolvi expor só agora porque sinto que é com ela que vou ficar para sempre”, conta. Alguns contratos cancelados depois (pois é…), Ludmilla Oliveira está mais leve e pronta para criar conexões apenas com artistas e marcas que tenham os mesmos valores que os seus. “Respeito, mas não entendo como quem namoro interfere no meu trabalho”, indaga.
O apoio da família foi fundamental neste processo e também no início da carreira, em 2014, quando Lud anunciou o fim de suas apresentações por estar sofrendo ameaças de seu ex-empresário.
Embrólio superado, ela se tornou ainda maior e ganhou o título de mulher negra mais seguida do Instagram no Brasil (são 17 milhões de followers no @ludmilla); construiu uma mansão na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio de Janeiro, para onde levou, com orgulho, os parentes mais próximos para morar; e abriu o Lud Hair Boutique, salão de beleza especializado em lace, um modelo de peruca com tela que simula o couro cabeludo e sempre foi sonho de consumo da cantora, que sofria com a autoestima baixa na adolescência. Águas passadas. “Estou vivendo um grande momento”, comemora.
Foto: Fernando Tomaz.