As mulheres na Advocacia paraibana
Para Natália Alves, muitas advogadas criminalistas em enfrentando questionamentosno exercício da sua profissão e muitas vezes de próprios entes do poder judiciário
A realidade das mulheres no mercado de trabalho nos últimos quarenta anos mudou muito no que diz respeito à inserção delas em seus postos variados no mercado . A mulher tem se destacado nos últimos anos, mostrando que competência no trabalho também é um grande marco feminino e na advocacia também, especialmente na Paraíba. Dinamismo e ação, as advogadas estão por toda parte, o avanço e a inovação é fator preponderante. A frente elas lideram, coordenam, inovam e fazem.
Nesse sentido, a presidente da Comissão Paraibana de Advogadas Criminalistas da Abracrim, Natália Alves, especialista em Direito Penal e Processo Penal. A Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (Abracrim) é uma entidade de representação dos advogados brasileiros que atuam na área criminalista.
Durante a entrevista, a advogada citou alguns desafios e conquistas das mulheres dentro da advocacia. Confira:
Qual a missão da ABRACRIM no Estado?
Atuar para o cumprimento das prerrogativas dos advogados criminalistas, que lhe são garantidas por lei no exercício da sua função, em seu múnus diário, o qual enfrenta violações de princípios constitucionais, abusos de autoridades e cerceamentos ao direito de defesa, deliberar sobre assuntos que impactam a advocacia criminal, atuar dentre as suas diversas comissões, pelo cumprimento das garantias estabelecidas na nossa Constituição Federal, Código Penal, Código de Processo Penal e demais legislações.
Quais os maiores desafios enfrentados pela senhora como presidente da Comissão de Advogadas Criminalistas da ABRACRIM no Estado da Paraíba?
Em um Estado onde o machismo ainda é arreigado, muitas advogadas “amam” o Direito Penal, mas diante de tantas dificuldades que encontram para consolidarem-se na área, acabam por não imergirem na Advocacia Criminal, e as poucas, porém muitas advogadas criminalistas brilhantes do nosso Estado, muitas vezes ainda estão nos bastidores das mais importantes discussões, quando deveriam estar na linha de frente delas.
Em sua atuação na representação de uma classe, o fator “ser mulher” já te fez enfrentar questionamentos masculinos sobre a sua capacidade como profissional?
Nunca! O fator determinante para isso é ter a firmeza nas palavras, cabeça erguida e capacidade técnica, isso desmonta qualquer questionamento quanto à sua capacidade. Porém, embora revestidas de tudo isso que falei, muitas advogadas criminalistas Brasil a fora, vem enfrentando questionamentos torpes no exercício da sua profissão e muitas vezes de próprios entes do poder judiciário.
Como a senhora enxerga o crescimento da visibilidade feminina dentro da advocacia?
Não só na advocacia, como na magistratura, Ministério Público e Carreiras policiais, as mulheres vem a cada dia alcançando mais espaço nessas profissões, que outrora, era predominantemente masculina e lutando com suas próprias mãos pelo cumprimento da célebre garantia constitucional – “Todos são iguais perante a lei”, enquanto a tal igualdade não chega para todas, nós vamos construindo e demarcando o nosso espaço.
Quais áreas da advocacia estão “em alta” no momento ou apresentam perspectivas de maior crescimento profissional?
No Direito Penal, sem dúvida iremos para o mundo negocial, saímos daquele direito penal clássico, de crimes patrimoniais, crimes violentos, (embora jamais deixem de existir), e nos preparamos para um direito penal negocial (podemos observar isso em toda a atuação da operação Lava-Jato) e o advogado deve estar preparado para um nível muito mais elevado da advocacia, a prevenção, implantação de políticas de integridade e anticorrupção em empresas, compliance, proteção de dados, aliados a investigação defensiva, conforme foi autorizado mediante o Provimento 188/2018 no Conselho Federal da OAB, que regulamenta bases para o advogado fazer investigações e presidir inquérito defensivo, sem dúvida, essa será a forma de atuação das advogadas e advogados criminalistas que não serão engolidos pela avalanche dos plea bargaing.