Casa Vogue traz o chef Massimo Bottura em seu hotel recém-inaugurado na Itália
Unidos pela arte, Massimo Bottura e Lara Gilmore estreiam no mundo da hotelaria e da decoração ao idealizar cada detalhe de uma casa em modena, Itália, onde receberão hóspedes em meio a obras tão irreverentes quanto os pratos do chef-celebridade.
Faz 20 meses que a americana Lara Gilmore e seu marido, o chef-celebridade Massimo Bottura, viraram designers de interiores de primeira viagem. Descobriram que um lindo casarão histórico nos arredores de Modena, Itália, onde fica a Osteria Francescana de Bottura, estava sendo leiloado judicialmente, e deram um lance baixíssimo, quase de brincadeira. Já tinham até esquecido do assunto quando, oito meses depois, foram avisados que tinham arrematado a propriedade. “Levei um baita susto e morri de dar risada”, diz o chef. Passado o choque, decidiram fazer ali um pequeno hotel de campo.
A Casa Maria Luigia, que abre as portas em maio com 12 apartamentos e um vasto jardim, é a materialização de um ousado sonho. Havia anos o casal queria ter um lugar onde pudesse receber amigos e clientes, que tivesse espaço suficiente para uma sala de música (outra paixão do chef, desde adolescente) e para expor toda a arte que os dois colecionaram juntos em 23 anos de casamento. “Quando que me mudei para Modena em 1994 e nos casamos, a arte virou nosso diálogo”, diz Lara, que trabalhava com arte e fotografia em Nova York, antes de vir para a Itália. “Para nós, vai muito além de possuir a obra X ou Y. A arte se embrenhou nas nossas vidas, na nossa filosofia, na cozinha do Massimo e na maneira de ele de falar e pensar”. Seja na Osteria Francescana ou na casa deles, obras espalham-se por todos os cômodos. No entanto, muito do que compraram juntos estava armazenado, por falta de espaço.
Tão interessante quanto a arte que a povoa é a própria Casa Maria Luigia, cujo nome homenageia a falecida mãe do chef. Originalmente construída em 1775 pelo conde Luigi Magelli, solteirão convicto e bon vivant, a morada, por décadas, foi palco de grandes soirées. Nos anos 1960, passou para as mãos de um empresário que adicionou um anexo com diversos quartos de empregados, piscina e quadra de tênis. Foi seu filho, fotógrafo e artista falido que, ao herdar a casa, deixou-a cair no abandono. Quando a dupla adquiriu a propriedade, o terreno estava tomado pelo mato, a tal ponto que nem se via a piscina – a residência em si, porém, estava em ótimo estado estrutural, e os tetos pintados à mão, intactos. O casal mergulhou de cabeça na recuperação do que fora negligenciado por décadas. Embora sejam amigos de grandes arquitetos italianos, a exemplo de Piero Lissoni, preferiram não chamar nenhum deles para chefiar o restauro e a reforma. Almejavam um lugar que fosse a cara deles. Contrataram como designer de interiores Catia Baccolini, amiga antiga e namorada do chef na juventude. E embarcaram numa colaboração frenética e entusiasmada, em que trocavam fotos por WhatsApp e garimpavam móveis. Catia sabe lidar como poucos com o temperamento impulsivo de Bottura e entende o gosto do casal – foi ela quem decorou a Osteria Francescana e também a casa deles. “Tantas vezes disse ao Massimo, ‘Basta! Basta!’ Não consigo encaixar na casa tudo o que ele vai comprando!”