Sobre hidronefrose antenatal
Embora seja um achado relativamente comum nas ultrassonografias pré-natais, a hidronefrose antenatal é uma doença pouco conhecida. Considerada uma anomalia congênita que afeta até 5% dos recém-nascidos, ela consiste na dilatação do sistema coletor renal, pode afetar um ou ambos os rins e, geralmente, está relacionada a um processo de maturação insuficiente que pode ou não persistir após o nascimento. O diagnóstico costuma gerar muita ansiedade para os pais e para os médicos que realizam o pré-natal, já que quando não tratados adequadamente, os casos graves podem causar infecção urinária e até perda da função renal.
Segundo o urologista geral e pediátrico Leonardo Calazans, identificar o problema precocemente e conduzir o tratamento adequadamente é muito importante. “Assim que o bebê com hidronefrose nasce, ele deve passar por um urologista especializado, pois pode ser necessário um tratamento imediato. Na maioria das vezes, porém, são necessários exames que permitam uma melhor avaliação da situação, a fim de orientar a escolha terapêutica”, explicou o médico.
O ideal é que logo após o nascimento do bebê, uma ultrassonografia das vias urinárias seja realizada, para confirmar e classificar o grau de hidronefrose. A partir do resultado deste exame, são definidas as condutas necessárias para cada paciente. A maioria dos casos descoberta no pré-natal não possui significado clínico relevante e, por isso, a família não precisa criar uma ansiedade excessiva. Quando a dilatação é leve, o bebê segue acompanhado e dificilmente terá que se submeter a uma cirurgia.
“O risco temido é o de desenvolvimento de uma infeção urinária que, se diagnosticada e tratada adequadamente, tem um bom prognóstico, com baixa probabilidade de causar lesão renal. Se a criança com hidronefrose apresentar febre, irritabilidade, vômitos ou urina com cheiro fétido, a família deve suspeitar de uma infeção urinária e procurar o médico assistente com brevidade”, recomendou Leonardo Calazans, que é preceptor de urologia das Obras Sociais Irmã Dulce (Salvador) e do Hospital Estadual da Criança (Feira de Santana), além de diretor do núcleo de urologia do Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR).
Alguns casos, entretanto, evoluem e exigem tratamento cirúrgico, como foi o caso de Cauã Calasans (4). Quando a administradora Mariana Calasans (36), sua mãe, descobriu por meio de ultrassom que seu filho tinha hidronefrose antenatal, ele ainda não tinha nascido. A pediatra consultada após o parto acreditava que a doença poderia regredir naturalmente após o nascimento, mas quando o menino completou três anos de idade, durante uma ultrassonografia de acompanhamento, foi identificado que a dilatação dos seus rins tinha evoluído do grau um para o três. Após consulta com um urologista pediátrico e a realização de diversos exames, o especialista explicou que o tratamento do paciente só poderia ser cirúrgico. Cauã se submeteu a uma cirurgia robótica e se recupera bem em casa.
“Cauã sempre foi uma criança saudável, apresentou desenvolvimento normal pra idade até então, nunca reclamou de dor. Então, quando soubemos da necessidade de uma cirurgia, ficamos apreensivos, mas como os exames mostravam a deformação congênita, tivemos que amadurecer e conceder a cirurgia para o bem dele”, contou Mariana Calasans. O procedimento assistido por robô durou cerca de uma hora e o menino teve alta no dia seguinte. Além da recuperação mais rápida, a cirurgia robótica, modalidade de tratamento escolhida pelos pais de Cauã, agrega benefícios como menores riscos de sangramento, dor e risco de infecção, é menos invasiva (cortes menores) e permite alta hospitalar mais rápida (menor tempo de internação).