Noite em luxuoso hotel em Paris custa US$ 36 mil
O que está acontecendo no mundo dos hotéis de luxo para os ricos e famosos em Paris é uma séria competição, que muitos estão chamando de “Guerra dos Palaces”, devido à reabertura, no dia 5 de julho, do histórico Palace Crillon (oficialmente, Hôtel de Crillon, da rede Rousewood Hotel) na Praça da Concórdia, na Champs-Élysées. Depois de mais de quatro anos de reforma, o prestigiado hotel, propriedade da família real saudita, recuperou seu esplendor e magnificência faraônica. Dono da propriedade desde 2010, o príncipe saudita Mutaib Bin Abdullah Bin Abdulaziz, que o comprou do grupo norte-americano de investimentos Starwood Capital por € 250 milhões, escolheu devolver ao hotel sua grandiosidade original.
Ele gastou quase tanto quanto pagou – € 200 milhões – para modernizá-lo com o que há de mais confortável e recente, além de construir um segundo subsolo e reduzir o número de quartos de 147 para 124 para privilegiar refinadas suítes.
“A ideia era colocar uma dose de elegância contemporânea no universo do século 18”, relatou a revista semanal francesa “The Nouvel Observateur”. “É preciso reconhecer o sucesso, já que nem sempre é fácil fazer algo moderno e sofisticado a partir de algo antigo.”
O renascimento do Crillon, que foi originalmente inaugurado como um hotel há 98 anos, em 12 de março de 1909, era necessário caso o hotel desejasse entrar na competição não-oficial entre os palaces de Paris – incluindo o Peninsula, inaugurado em 2015, e o Ritz, que foi aberto novamente em 2016 – que a mídia francesa está chamando de “la grande bataille des palaces parisiens”.
“O mercado para os hotéis de luxo é o monopólio das grandes fortunas do mundo”, afirma a “Europe 1”, rede de rádios francesas. “Os estabelecimentos, localizados nos bairros mais exclusivos, portanto mais caros, foram comprados por investidores estrangeiros. O Bristol pertence ao grupo alemão Oetker, o Ritz ao egípcio Mohamed Al-Fayed, o Plaza Athénée ao Sultão de Brunei e o Royal Monceau e o Peninsula ao fundo de investimento do Catar.”
O novo operador do Crillon é o grupo de Hong Kong Rosewood Hotels & Resorts, um subsidiário do novo conglomerado New World Development, especializado em mercado imobiliário e hospitalidade e proprietário do Chow Tai Fook, a maior cadeia de joalheria do mundo. Uma noite no novo hotel pode variar de € 1.200 a € 32.000.
O Rosewood opera 19 propriedades exclusivas em 11 países e está expandindo seu portfólio para 23 hotéis de ponta até o final do ano.
De acordo com a mídia francesa, durante a reforma do Crillon 17.000 m³ de terra foram escavados, 6.000 m³ de concreto foram depositados, 600 tipos de materiais diferentes foram utilizados (incluindo 40 tipos de mármore), 250 pessoas foram subcontratadas e 500 pessoas trabalharam na rede para embelezar uma área total de 16.750 m³ espalhados por sete níveis.
O hotel, que seria o 12º palace em Paris, ostenta dois apartamentos projetados por Karl Lagerfeld, designer e diretor criativo da Chanel, no estilo do século 18, com camas com dossel, grandes móveis e banheiros de mármore.
Os quartos do hotel têm vista para o Obelisco de Luxor, Jardins das Tulherias e Assembleia Nacional, entre outros marcos da capital francesa. O saguão é decorado com sofás de couro. Um restaurante de ponta, o L’Ecrin, é conduzido pelo chef Christopher Hache. Há, ainda, um restaurante mais casual com um bar.
No novo nível de subsolo foi construída uma piscina magnífica, com teto de vidro e vista para um pátio, um spa decorado com mármore branco, um salão de beleza e uma sala que oferece serviços para homens, como barbeiros e engraxates.
Com a reforma do Crillon, Paris oferece, agora, 1.900 quartos “palacianos” – 800 a mais do que há uma década. Dadas as dificuldades encaradas pela indústria do turismo devido aos ataques terroristas na cidade e no país – que afetaram particularmente o mercado de hotéis de luxo -, as expectativas são altas e a competição é acirrada.
A demanda para quartos na cidade das luzes tem aumentado e os hotéis de luxo, com os palaces na vanguarda, têm grandes esperanças de atrair de volta ricos turistas estrangeiros, afastados nos últimos anos por esses trágicos acontecimentos. “Paris está vivenciando um período sem precedentes de expansão de seu prestigiado portfólio de hotéis”, escreveu o “Le Figaro”. “A chegada quase simultânea na capital, alguns anos atrás, de quatro operadores asiáticos (Raffles, Peninsula, Mandarin Oriental e Shangri-La), atraídos pela perspectiva de um grande aumento do turismo de luxo chinês, abalou o mercado. Os palaces históricos (Ritz, Crillon e Plaza Athénée) foram forçados a realizarem longos e caros trabalhos para manter suas posições.”
Os concorrentes diretos do Crillon no que diz respeito a preço são o George V e o Ritz – os dois hotéis mais caros de Paris.