Entrevista: O São João para João Gomes
O cantor pernambucano João Gomes é estrela da campanha de São João do Boticário. Em parceira com a Banda de Pífanos de Caruaru, fundada em Alagoas com 99 anos de história e um dos grupos mais antigos em atividade do Brasil, o artista gravou uma nova versão na música “Se aprochegue São João”. A música, que já foi interpretada por Dorgival Dantas, Solange Almeida, Elba Ramalho e Matheus Fernandes, ganhou o primeiro videoclipe com João Gomes e a Banda de Pífanos.
Em entrevista, João Gomes comenta a sua relação com a música, o significado do São João em sua vida e como foi o encontro inédito com a Banda de Pífanos para a gravação do videoclipe.
Confira:
Você acredita em um São João sem música?
JG: O São João não existe sem música. A música faz a gente dançar, demonstrar a alegria dos nossos corações. O São João não vive sem a música e a música não aconteceria sem o São João aqui no Nordeste. Uma faz a outra acontecer, é como se a música tivesse em todos os lugares da nossa vida. Não adianta, tem que ter música em todos os lugares e em toda ocasião.
A música é a alma dessa festa?
JG: Com certeza é, desde o tempo de Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga, quando eles dividiam as praças, um tocando numa praça e o outro na outra. Foi aí que se fez a cultura e o folclore desse grande festival, no qual durante um mês a gente celebra e agradece por ser nordestino, por ser do sertão.
Você acha que essa época desperta várias memórias afetivas?
JG: Para o nordestino o São João é a maior expressão da nossa cultura, do nosso folclore, das nossas danças. É quando a gente tira um mês inteiro no ano para celebrar, isso é o que deixa mais maravilhosa a nossa vida. São João é uma festa.
Como foi para você ter sido escolhido para regravar essa música que já faz parte da história do São João do Boticário?
JG: Agradeço pela oportunidade, pelo espaço, ao Boticário e à toda equipe que está aqui nessa gravação. Gravar aqui na Bahia deixa tudo ainda mais especial, com a energia do pessoal à nossa volta, fazendo a gente já se sentir no São João.
Qual é a sua relação de amor com o São João?
JG: Quando somos crianças não temos dimensão das diferenças entre o Michael Jackson e o Luiz Gonzaga, por exemplo. Para nós, é como se fosse a mesma coisa. É muito engraçado e muito verdadeiro o trabalho de cada um aqui, a gente acaba sentindo a realeza dos nossos ídolos e conhecendo eles por meio da festa de São João.
Como fica seu coração com esse encontro entre grandes expoentes da cena como a Banda de Pífanos?
JG: Eu nunca tinha me encontrado com essa turma, essa foi minha primeira vez – e nós deixamos a imaginação ir além. Gravamos para São João e, quem sabe, numa próxima edição, a gente não chama os meninos também pra mostrar um pouco da nossa cultura, já que essa é a intenção: sempre gravar com a bandeira do Nordeste, de casa, e agradecer por poder mostrar nossa cultura para as pessoas.
Você acha importante honrar essa cultura de quem veio antes?
JG: Claro. Eles são as pessoas mais importantes, que deixaram os caminhos abertos [para nós]. Nos meus shows, eu canto umas três músicas de Alceu Valença, lá no futuro pode ser que alguém cante uma música minha, porque isso pode agregar no trabalho de outra pessoa. Aqueles que vieram antes, como Luiz Gonzaga, Alceu, Fagner, toda essa geração, é extremamente importante. Inclusive, também, os que não ficaram tão famosos, mas que talvez, num São João de uma cidade mais simples, também fez a festa acontecer. O João [Biano], dos Pífanos, falou que um membro da família dele cantou para Lampião no passado, por isso eles usam o chapéu de cangaceiro e levam com muito orgulho essa história.