Com inspiração tecnológica e urbana, Shiko assina artes do Hub 360
Reconhecido nacionalmente por suas artes em quadrinhos e suas obras em empresas e espaços públicos, o paraibano Shiko, natural de Patos, é o responsável pelas artes espalhadas pelo Hub 360, centro de inovação, educação e tecnologia, recém criado em João Pessoa. O HUB 360 tem como proposta ser um local interativo e multifuncional, com coworking, salas de aula, além de espaços exclusivos de convivência.
As artes do local são uma atração à parte. Desenhos de pássaros tecnológicos imprimem a conexão entre homem e máquina, bem como pessoas-robôs dão o tom das obras criadas por ele, especialmente para o HUB 360. Em entrevista, ele fala um pouco sobre como foi o processo de criação, a inspiração para as artes e o desenvolvimento de todo o trabalho.
Como foi o convite para realizar esse trabalho?
Eu já conhecia um dos sócios do HUB 360 por interesse em comum que a gente tem por histórias em quadrinhos, cinema, e nós tínhamos nos encontrado algumas vezes em eventos dessa área. Quando ele pensou na ideia de ter arte nas paredes do HUB 360, ele me convidou e eu achei bem interessante, porque o que ele pensava para dar uma identidade para o espaço ia muito na direção de um trabalho que eu já tinha iniciado. Que é essa brincadeira de misturar figuras de pessoas e animais com elementos de tecnologia e de botânica. E tinha muito a ver com a coisa que eu estava interessado em desenvolver. Então, deu muito certo.
Como foi o seu processo de criação das obras do local?
A ideia de ser um espaço que tinha a ver com tecnologia, mas que não precisava ser um espaço frio. De imediato, pensei que seria uma boa ideia trazer um verde para arte, um jardim para dentro do espaço, misturando, claro, com os elementos de tecnologia. E aí, eu produzi uns esboços, um layout daquilo que eu estava pensando e felizmente foi muito bem recebido. Foi um processo muito simples, muito fácil, porque eu e os sócios nos entendemos muito bem desde a primeira conversa.
Quais foram os conceitos de cada desenho? O que você buscou passar com cada obra?
Toda vez que eu penso numa arte, num grafite dentro de um espaço, me interessa saber de que modo aquele espaço vai ser utilizado. No caso da arte realizada na escada, eu gostava da ideia de ter uma coisa mais botânica, mais do jardim para dentro da empresa. Já chegando na parte de cima, que é um espaço de conversa, de café, eu pensei que já dava para ir para uma coisa mais humana mesmo, com essa mistura de atividades de pessoas que estão imersas num mundo de tecnologia, representado pelos capacetes, mas desenvolvendo atividades muito comuns, muito cotidianas, como ler um livro e tomar um café. E aí, eu acho que fazia mais uma vez essa ponte entre os espaços de produção e de estudo com esse encontro mais trivial.
Que tipo de técnica foi utilizada?
Tudo foi feito na mesma técnica do grafite, da pintura com o spray e que é o que eu normalmente faço na rua. Eventualmente, eu faço o que a gente chama de ‘grafite indoor’, eu faço isso dentro de empresas, dentro de espaços que não são os espaços externos. Nos desenhos, eu também utilizei Posca, que é uma caneta do arsenal da arte de rua, uma caneta que a gente usa para riscar parede mesmo, para desenhar na rua. Mas que na rua, eu pouco utilizo. Aqui, para dar uma caprichada maior nos detalhes, eu usei mais as canetas. Mas tudo foi basicamente tinta spray.
Por que a escolha predominante de algumas cores?
Eu propus que houvesse uma predominância do verde, das cores da marca do HUB 360. Eu trouxe isso desde os grafites da entrada, até os mais internos. Por exemplo, a roupa de uma das personagens no espaço do café é verde e é toda estampada com a marca do lugar. Eu gosto da ideia de que essas informações, como cor e os elementos conversem com a identidade do lugar, com a identidade da marca. Então, as cores foram uma escolha consciente em direção à identidade da empresa também.
Por fim, você acredita que é importante essa integração da arte aos espaços das empresas?
Dependendo do tipo de empresa, eu acho que o ambiente que se cria quando você traz a arte para dentro do espaço e não só na forma de um quadro na sala, mas quando você envolve mesmo o espaço com a arte, com informação artística, cria um outro tipo de relação com o espaço. E a melhor coisa disso, da incorporação do grafite em ambientes de negócio é que dá uma ‘desencaretada’, transforma o ambiente numa coisa menos dura, menos formal. Cria uma outra relação do espaço com a pessoa que utiliza esse espaço. Acho que torna tudo mais leve, mais agradável, mais bonito. Quanto ao HUB 360, eu acho que a escolha dos empresários de pensar no conceito de uso do espaço e preenchê-lo com arte fazendo a ligação entre os lugares foi bem pensada. Fiquei muito feliz de participar do projeto, de contribuir com isso e estou muito satisfeito com o resultado.