Apartamento PB: Novo Projeto Diego Revollo
A composição decorativa deste apartamento é fruto de uma tendência que vem ganhando força nos últimos anos, a de um décor clean, mínimo, em que a sobriedade do conjunto todo é pontuada por peças específicas. O resultado final parte do pressuposto de que atualmente vive-se com menos, não há espaço para acumular miudezas, tampouco tempo para apreciá-las. É preciso se reinventar e se remodelar a uma tendência que veio para ficar, daí a proposição deste estilo de vida despojado, compatível com o quotidiano do cliente.
A paleta de cores deste apartamento na Vila Olímpia, em São Paulo, definitivamente faz jus ao seu nome: preto e branco delimitam os 77m2 muito bem aproveitados por Diego Revollo, em mais um de seus projetos. Situada numa zona majoritariamente empresarial e adensada, a residência está inserida num contexto moderno, corporativo e cosmopolita. No seu primeiro contato com o escritório, o cliente foi extremamente enfático quanto à necessidade de partir de um desenho que amarrasse todos os espaços do apartamento, sem cantos esquecidos ou inutilizados. Era preciso integrar e valorizar cada metro quadrado.
Daí surge o desafio e a dificuldade que motivou o desenrolar do projeto: era necessário agregar cada uma das partes sem que o dono do apartamento perdesse a privacidade de seu dormitório. O segundo quarto foi anexado à sala, tomando a forma de uma sala de TV separada por esquadrias corrediças. A volumetria da sala de estar também aglutinou todo o espaço do terraço para si, tornando-se o ponto central do apartamento pela sua amplitude e interação entre varanda/home-theater.
Sobre a importância de amarrar todos os ambientes existentes, a varanda do apartamento se coloca como um ótimo ponto de relaxamento, inteiramente revestida por ripas maciças de Tauarí alvejado, num mood escandinavo. Além de aconchegante, o espaço é sempre o ponto de partida de toda e qualquer festa, garante o dono. Não é difícil de entender o porquê: ao invés de aparatos gourmet, foram selecionados todos os utensílios necessários à fabricação de drinks, como manda o figurino!
A cor preta da marcenaria se destaca em relação ao cimento queimado branco utilizado no apartamento. Enquanto o preto delimita espaço, o branco emoldura toda a composição. A cozinha permanece presa à entrada do apartamento, confinada aos limites de sua própria cor, enquanto que o branco das paredes, pisos e teto acabam por enquadrá-la. Isso tudo sem mencionar o fato de que a clareza do cimento queimado proporciona uma difusão de luz capaz de trazer iluminância suficiente para o não acendimento de sequer uma luminária durante o dia. Os tons escolhidos criam uma atmosfera clara, capaz de refletir a luz de fora apartamento adentro.
Os ambientes foram seccionados pela cor, seguindo seu uso e função. As áreas sociais e íntimas receberam o branco do cimento. A parte de serviços ficou revestida de preto e a varanda, em tons cor de mel. Assim, a divisão visual se dá pelos revestimentos escolhidos e não por paredes ou elementos físicos. A varanda, inclusive, foi revestida diferentemente da sala pois não se queria transformá-la em parte social mas, sim, ter certeza de que seria usada com frequência para momentos de lazer e relaxamento.
Os móveis leves, arrojados refletem o espírito jovial e festivo do dono do apartamento: o intuito era o de se ambientar a morada de um solteiro, numa atmosfera descontraída e masculina. Valendo-se do vidro, das chapas metálicas e de elementos vazados, foi possível ambientar todo o percurso visual da sala de maneira limpa, sem excessos, sempre amarrando um espaço ao outro. Elementos vazados, esses, conhecidos popularmente como Cobogós. Introduzidos no mercado na década de 1950, são um sucesso absoluto até hoje ao proporcionarem a passagem de luz e ventilação, bem como um esteticismo único. Contudo, o chamariz decorativo deste apê é, sem dúvida, o contraste vibrante entre o preto e o branco utilizados, demarcando usos para um apartamento essencialmente contemporâneo.