Estupro, não!
Foi publicada recentemente, na imprensa nacional, uma pesquisa do respeitado Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) dando conta que 58,5% da população acredita que o comportamento feminino influencia no repugnável crime de estupro e que 65,1% concordam total ou parcialmente com a frase “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”.
Tal pesquisa, com o devido respeito, representa o tamanho da ignorância dos entrevistados, remontando aos tempos da idade da pedra, inaceitável. Ora, o crime de estupro, previsto no remodelado art. 213 do Código Penal Brasileiro, consiste no ato de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal (ato sexual) ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso, ou seja, é a satisfação da libido, do desejo, do apetite sexual. Nota-se que se trata de “crime monstro”, hediondo, que fere a liberdade sexual da pessoa, aflige a honra e causa sérios transtornos na vítima e naqueles que a cercam.
É vergonhoso pensar conforme a pesquisa, posto que vivemos em pleno Estado Democrático de Direito, assim como consta do preâmbulo da nossa Constituição Federal, onde se preserva o exercício de direitos individuais, sociais, liberdade, segurança, bem estar, que são valores supremos de uma sociedade. Atribuir, por exemplo, a saia que a mulher usa, o short curto que a mulher usa, levando-a a estimular, contra si, a prática de estupro é algo impensável nos dias atuais. O crime decorre de mentalidade podre, mesquinha do criminoso recalcado, que, na maioria das vezes, frustrado sexualmente, tenta “descontar” na vítima todas suas mazelas, como se ela fosse obrigada a aceitar o poderio da mente doentia de outrem! Absurdo!
Mostra-se, a referida pesquisa, um verdadeiro machismo asqueroso ao entender a mulher como um “objeto sexual”. Invertem-se valores, na medida em que nós (sociedade) é que teríamos que nos adequar aos criminosos e não eles é que deveriam se adequar às leis e a Justiça. É um retrocesso, é um atraso axiológico inacreditável pensar dessa forma.
Assim, fica para reflexão a comentada pesquisa, destacadamente para valorizarmos, cada vez mais, a mulher e o respeito a sua liberdade, na busca constante por vida digna. Por isso, devemos sempre externar: NÃO AO ESTUPRO!